Nota pública da Red de Coaliciones Sur contra a redução da idade mínima de responsabilidade criminal na Argentina

9 Maio 2025

Nós, as redes dos países latino-americanos que compõem a Rede de Coalizão do Sul, nos opusemos fortemente ao parecer majoritário adotado, em 6 de maio do ano passado, na Câmara dos Deputados argentina, que segue um projeto de lei para reformar o regime penal juvenil, propondo a redução da idade mínima de responsabilidade criminal de 16 para 14 anos.

Violação dos direitos e princípios internacionais

Afirmamos que essa redução da idade viola os direitos e garantias dos adolescentes. Como a idade de responsabilização diminuiu, o princípio da progressividade e não-regressividade no campo dos direitos humanos é violado, o que implica que não se pode retroceder em matéria de direitos humanos adquiridos por crianças e adolescentes.

O parecer contraria o paradigma da proteção integral, em particular, aos padrões estabelecidos pelo direito internacional dos direitos humanos, uma vez que propôs alterações à Convenção sobre os Direitos da Criança, e as considerações observadas em particular pelo Comitê sobre os Direitos da Criança em seu Comentário Geral no 24 de 2019, no qual instou os Estados Partes a não reduzi-la em nenhuma circunstância.

Políticas de Punitivismo e exclusão social

Esse movimento legislativo faz parte de uma lógica de políticas punitivistas que sujeitam nossa região a soluções repressivas e demagógicas em nome da “segurança”, sem abordar as verdadeiras causas da desigualdade e da exclusão pelas quais nossos jovens estão passando. Sua implementação também é uma violação dos direitos humanos, e seletiva, uma vez que criminaliza e estigmatiza jovens e adolescentes de setores populares, cujos direitos já são violados.

Diferentes estudos mostram que o endurecimento das penas e a redução da idade mínima de responsabilidade criminal não reduzem as taxas de criminalidade. Pelo contrário, agravam os problemas sociais, empurrando os adolescentes para circuitos de marginalidade e violência institucional. Em vez de promover a inclusão e a justiça social, essas políticas reforçam um ciclo de exclusão e estigmatização.

Exigimos um verdadeiro compromisso com a infância e a adolescência

Nós, Red de Coaliciones Sur, reafirmamos nosso compromisso com a defesa dos direitos das crianças e adolescentes em nossa região. Diante doavanço do parecer aprovado pela maioria dos deputados na Argentina, exigimos a rejeição definitiva deste projeto retrógrado e pedimos ao Estado argentino que não retroceda na garantia de direitos. A resposta ao conflito social e à vulnerabilidade de crianças e adolescentes não podem ser criminalização e punição. Exigimos que todos os Estados da região priorizem políticas públicas abrangentes, inclusivas e baseadas em direitos que garantam condições de vida dignas, oportunidades reais e justiça social para todas as crianças e adolescentes.

Assinam as redes nacionais integrantes da Red de Coaliciones Sur:

  1. Colectivo de Derechos de Infancia y Adolescencia (Argentina)
  2. ANCED BRASIL – Associação Nacional dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente
  3. MNDH. Movimento Nacional de Direitos Humanos (Brasil)
  4. ROIJ. Red Nacional de ONGs de Infancia y Juventud (Chile)
  5. CIPRODENI. Coordinadora Institucional de Promoción por los Derechos de la Niñez (Guatemala)
  6. CDIA. Coordinadora por los Derechos de la Infancia y la Adolescencia (Paraguay)
  7. ANONG – Asociación Nacional de Organizaciones No Gubernamentales Orientadas al Desarrollo (Uruguay)
  8. CDNU. Comité de Derechos del Niño/a de Uruguay
  9. REDHNNA. Red por los Derechos Humanos de Niños, Niñas y Adolescentes (Venezuela)

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